Amy & Matthew, de Cammie McGovern

4 de janeiro de 2017
SINOPSE: Amy e Matthew não se conheciam realmente. Não eram amigos. Matthew sabia quem ela era, claro, mas ele também sabia quem eram várias outras pessoas que não eram seus amigos.Amy tinha uma eterna fachada de felicidade estampada em seu rosto, mesmo tendo uma debilitante deficiência que restringe seus movimentos. Matthew nunca planejou contar a Amy o que pensava, mas depois que a diz para enxergar a realidade e parar de se enganar, ela percebe que é exatamente de alguém assim que precisa. À medida que passam mais tempo juntos, Amy descobre que Matthew também tem seus problemas e segredos, e decide tentar ajudá-lo da mesma forma que ele a ajudou. E quando a relação que começou como uma amizade se transforma em outra coisa que nenhum dos dois esperava (ou sabe definir), eles percebem que falam tudo um para o outro... exceto o que mais importa.


"Havia muitas maneiras de ser esquisito."

Será que a única frustração de alguns deficientes é apenas sua deficiência?



Logo no início, ainda pequena, Amy mostrava ser conformada com sua paralisia cerebral, não trocaria de corpo com nenhuma outra criança e não via problema algum em ser diferente. Durante toda sua vida escolar, foi auxiliada por médicos, que a ajudavam em pequenas coisas que não era capaz de realizar, e isso, mesmo não percebendo, afastava as crianças de perto, o que a fez se tornar uma jovem sem amigos.

Mas isso mudou no último ano do ensino médio, quando Matthew, um jovem que estudou com Amy desde criança, falou com ela que algo estava errado, afinal, ela não deveria estar tão bem assim, estando em um corpo tão limitado, cercada por médicos todo tempo e totalmente sem vida social. Claro, Matthew não era a melhor pessoa para falar sobre "vida social", e Amy sabia disso.

Amy e Matthew têm características em comum, e isso é a parte irônica da história. Matthew não é o jovem mais sociável do mundo e estava lá, soltando verbo com Amy, falando que ela deveria se enturmar, trocar os médicos por auxiliares que fossem colegas de turma. E foi isso que Amy fez.

A partir de então, Amy, com seus novos auxiliares escolhidos, começa uma incansável missão de conhecê-los melhor, em busca de não somente encontrar um modo de marcar seu último ano na escola, mas, também, de ser além de uma pessoa que precisa de ajuda, queria ser amiga.

No desenvolvimento da história, ter limitações é algo que se torna tão pequeno comparado as outras coisas, que Amy começa a viver. Por começar a tentar ser mais sociável, tomou algumas decisões que pareciam ser as certas, mas na verdade não eram e trouxeram consequências, que serão mostradas aos poucos, o que nos deixa paralisados com as coisas que ela foi capaz de fazer. Coisas as quais pensamos que ela não faria, por ser tão indefesa. 

Logo na primeira metade do livro, percebe-se que todos, independentes de deficientes, ou não, têm suas limitações pessoais, coisas que os aprisionam. Nos é mostrado que uma deficiência não precisa necessariamente ser uma limitação física, também é uma coisa que impede você de progredir, algo que lhe impede de continuar. E isso é presente na vida de todos, sejam visíveis ou não. É nisso que a trama se firma no começo do livro, quando Amy tenta conhecer melhor seus auxiliares. E Matthew, o que o impede de avançar? Ah, Matthew tem uma espécie de toc que não o deixa sair de sua zona de conforto e uma das razões por Amy entrar em sua vida - porque todos tem razão pra estar na vida de alguém - é exatamente tirar ele dessa zona. Na verdade ela explode essa zona.

A narrativa é em primeia pessoa, mas apresenta uma visão dupla das situações, tanto Amy como Matthew contam. Quando Amy narra, nós podemos entendê-la e conhecer um pouco de seus auxiliares, a visão que ela começa ter deles e principalmente de Matthew, o que ele representa.

E isso nos possibilita entender ambas as partes, com medos, fraquezas e questionamentos distintos, percebemos que às vezes não é nada do que estamos imaginando, que as situações são vias de mão dupla.


A autora Cammie McGovern criou um romance diante da realidade que vive, é uma das fundadoras do Whole Children, uma instituição que oferece aulas extras e programas de auxílio para crianças com necessidades especiais. Então, creio que diante disso, conhecendo pessoas que apesar de ter alguma necessidade especial, também tem suas paixões, amores e sonhos. E isso torna o livro mais amável do que é, por ela tentar e conseguir transmitir essa mensagem. 💙


No final, percebemos que eles ganharam mais do que pensavam, amadureceram e criaram experiências que muitas pessoas não irão passar. Não precisa ser totalmente perfeito, era isso que eles tinham um pro outro. Fiquei satisfeita. “deficientes também amam" devia ter um ditado assim.

Amy & Matthew me proporcionou suspiros. 




Mas concluí que é possível amar alguém por razões inteiramente altruístas, por todas as suas falhas e fraquezas, e ainda assim não ter este amor correspondido. 


Leitura Iniciada: 16/06/16
Leitura Finalizada: 28/06/16






Create a dream.

2 comentários:

  1. Uma história realmente impressionante e que se encaixa perfeitamente nas nossas vidas, onde o amor é mais forte que qualquer obstáculo e nada nos impede de sermos felizes. Adorei a resenha e fiquei curiosa para ler o livro. Beijos.
    www.docenerds.blogspot.com

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  2. Eu não sabia que era sobre isso e estou mais encantada ainda. Um tema profundo, gosto de livros assim!

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